Quando se fala em sustentabilidade, não se pode deixar de considerar suas três dimensões clássicas tratadas pela literatura, ainda que não exaustivas: econômica, social e ambiental. Esse tripé – ou Triple Bottom Line – foi proposto pelo sociólogo britânico John Elkington, no livro Cannibals with forks: the triple Bottom Line of 21st Century (Canibais com Garfo e Faca: o Triple Bottom Line do Século 21, 1998), para se referir a três pilares que embasam ou orientam muitas análises sobre a sustentabilidade das organizações. As três dimensões em questão têm sido chamadas, ainda, de 3 Ps – profit, people e planet – ou seja, lucro, pessoas e planeta.
Assim, a sustentabilidade passou a entrar em muitas
agendas organizacionais, considerando essas três dimensões clássicas; em um
primeiro momento, com foco em exibir sua presença na organização; mais adiante,
procurando demonstrar adesão a princípios éticos e mitigação de riscos. As três
dimensões da sustentabilidade, de fato, têm riscos que podem ser ponderáveis e
essa consideração constitui-se em um dos principais vetores de crescimento do
interesse pelo tema, ao lado dos requisitos do ambiente externo, que pressiona
por mais ética e por uma atuação organizacional equilibrada entre as três
dimensões.
Na dimensão econômica, sócios e administradores se
preocuparão em: tomar providências para evitar contendas societárias ou de
natureza similar que prejudiquem a organização; proteger receitas, incluindo
tratar com seriedade a busca de novos mercados e a inadimplência; realizar
responsavelmente investimentos e despesas, evitando erros estratégicos e
desperdícios; administrar tributos de maneira sensata; captar recursos de
terceiros com segurança; honrar compromissos financeiros contratados com
responsabilidade e, em suma, manter a organização valiosa economicamente e
segura financeiramente, ou seja, sem a possibilidade de quebra (default).
Na dimensão social, as providências empresariais serão
orientadas primeiramente, para a entrega de bons produtos e serviços à
sociedade, honrando-se o estatuto social que estabelece os limites de atuação
organizacional. Em segundo lugar, é preciso respeitar empregados próprios e
terceirizados, os quais contribuem para que a organização faça o seu trabalho,
investindo-se no dito capital humano. Em terceiro lugar, é preciso
respeitar comunidades envolvidas nas operações organizacionais; se não for por
outro motivo válido, como o provimento de capital humano, simplesmente por que
a sociedade espera que assim seja.
Já na dimensão ambiental, as providências serão
orientadas primeiramente para mitigar riscos que as organizações terminam por
impor ao meio ambiente e que podem, se não forem devidamente tratados, implicar
penalizações legais, regulatórias, de mercado e de imagem organizacional,
criando grandes perdas tangíveis e intangíveis. Em segundo lugar, existem
oportunidades de reduções de desperdícios e custos que os projetos ambientais
agregam às organizações e é oportuno aproveitá-las.
Ao assimilarem o conceito de sustentabilidade,
proprietários organizacionais e dirigentes a serviço desses reconhecem, que os
interesses dos primeiros não são o único foco do seu trabalho e que os demais
públicos relevantes (stakeholders)
existem, têm interesses justos e legítimos, podem provocar perdas objetivas e,
portanto, não devem ser ignorados. É uma questão de ética, mas também de
riscos.