A abertura do capital de uma empresa e o lançamento
de ações em Bolsa de Valores pode ocorrer em duas situações distintas: 1. na
primeira, essa lança ações em Bolsa, passando a ter novos acionistas; o
dinheiro da aquisição de ações passa a fazer parte do caixa empresarial; 2. na
segunda situação, sócios existentes vendem um bloco de suas ações para outros sócios,
via Bolsa, recebendo desses o dinheiro da aquisição. No primeiro caso, a
abertura se dá no mercado primário; no segundo caso, no mercado secundário.
Vários
são os benefícios associados à abertura do capital e listagem em Bolsa de
Valores de uma empresa, relacionando-se abaixo os principais:
1) Maior acesso a recursos financeiros – Muitas
empresas passam a negociar ações em Bolsa ao redor do mundo em função da maior possibilidade
captar recursos financeiros, tanto na emissão inicial, quanto por meio do
lançamento de títulos de dívida a posteriori.
Ao passarem a ser negociadas em mercado aberto, elas ampliam sua transparência,
reduzindo riscos, o que se refletirá tanto no acesso quanto no custo do capital.
2) Maior flexibilidade para aquisições – aquisições de empresas são transações que podem exigir grandes montantes de recursos financeiros; entretanto, empresas de capital aberto têm a possibilidade de pagar por essas transações com ações, evitando desembolsos financeiros.
3) Maior liquidez patrimonial – a velocidade de se desfazer de um ativo para fazer caixa, ou seja, a liquidez pode ser importante para alguns empreendedores. Ações de uma companhia listada em bolsa poderão ser mais facilmente negociadas no mercado aberto, o que agrega alguma liquidez ao patrimônio dos sócios e permite melhor administrar riscos.
4) Criação de referência de valor – a partir do momento em que as ações da empresa são negociadas em mercado aberto, a Bolsa de Valores passa a servir como lócus de formação do valor empresarial (Valor = Preço por ação x Número de ações). O valor de mercado se torna um dos indicadores mais relevantes da empresa.
5) Ampliação da imagem institucional – aberturas de capital, por tornarem companhias mais transparentes do que em seu status anterior, permitem que essas sejam acompanhadas e, portanto, mais citadas no noticiário especializado, tornando-se mais conhecidas e respeitadas.
Entretanto, não basta considerar os benefícios supracitados, pois aberturas de capital e sua manutenção criam contrapartidas, entre as quais:
1) Obrigações legais, regulatórias e autorregulatórias, especialmente considerando as disposições da Lei das Sociedades Anônimas (n. 6.404,15/12/76) e suas atualizações, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Bolsa de Valores, a BM&FBovespa.
2) Despesas associadas às fases de abertura de capital e de operar como companhia de capital aberto. Haverá necessidade como manter uma estrutura de relações com investidores, produzir relatórios e informações para o mercado investidor e esclarecer suas dúvidas entre outras.
3) Criação de um sistema e uma cultura de governança corporativa robustos, considerando que existem sócios não controladores, bem como stakeholders primários, com interesses legítimos.
Assim, a abertura de capital e a negociação de ações em mercado aberto é, per se, uma decisão crucial, uma das mais importantes da trajetória de uma empresa, que deve ser objeto de profunda reflexão sobre as motivações dos seus sócios, antes da mudança de patamar.
Mônica Mansur Brandão