O artigo Quais
são as principais teorias da governança? introduz as quatro
principais teorias da governança corporativa: modelo
financeiro (simple finance model), modelo dos stakeholders(stakeholders model), modelo de administrativo ou de procuradoria (administrative model) e modelo político (political model). Este texto
focaliza o modelo administrativo que, conforme se verá, apresenta convergência e
divergência em relação ao financeiro.
Seus principais fundamentos são:
1) A competência executiva
está positivamente correlacionada com a rentabilidade e o sucesso da
organização. Quanto mais competentes foram os dirigentes de uma organização, melhor
o negócio será conduzido.
2) Os administradores das empresas trabalham em busca de lucros e retornos econômicos para o capital investido pelos sócios. Esses objetivos são as suas prioridades, visando maximizar a riqueza dos sócios.
2) Os administradores das empresas trabalham em busca de lucros e retornos econômicos para o capital investido pelos sócios. Esses objetivos são as suas prioridades, visando maximizar a riqueza dos sócios.
3) Conselheiros
de administração devem contratar bom presidentes executivos, monitorar seu
desempenho e premiá-los ou demiti-los, conforme os resultados alcançados. Presidentes
e diretores executivos, por sua vez, devem tomar boas decisões e liderar as demais
pessoas da organização.
4)
Conselheiros de administração, presidentes e diretores executivos são procuradores dos sócios, tomando decisões em seu nome (e por essa
razão, o modelo administrativo também pode ser referenciado como modelo de
procuradoria).
5) Estimular
e premiar dirigentes, por meio de bons sistemas de recompensas, os incentivará
a ter bons desempenhos. O conflito de agência, muito importante no modelo
financeiro de governança corporativa, no modelo administrativo tem relevância
muito menor.
John
Pound, um dos autores mais representativos do modelo administrativo ou de
procuradoria, em seu artigo The promise of the governed Corporation (Harvard
Business Review, 1995),
argumenta que as discussões sobre governança corporativa têm girado em torno do
poder e da imposição de controles sobre executivos, mas que governança
corporativa não tem a ver com poder, mas com a tomada de boas decisões e com a
revogação de políticas desfavoráveis à empresa.
Com
respeito aos conselhos de administração, especificamente, Pound identifica algumas
necessidades: 1. definição de áreas de expertise a serem representadas
no conselho, como o setor em que a empresa opera ou finanças; 2. dedicação
dos conselheiros ao conselho; 3. pacotes de opções de ações para conselheiros;
4. nomeação de um conselheiro com a função de criticar novas propostas e de
atuar como advogado do diabo; 5. reuniões regulares com acionistas; e, 6.
concessão de liberdade aos conselheiros para solicitar informações a quaisquer
empregados.
Na concepção do modelo administrativo
de governança corporativa, as escolas de negócios têm muito a oferecer para o
desenvolvimento de conselheiros de administração, presidentes e diretores
executivos, profissionais dos quais as empresas bem governadas não podem prescindir.
Essas instituições serão fundamentais na formação de quadros dirigentes para as
organizações bem governadas.
Com
respeito à convergência entre os modelos administrativo e financeiro, esta reside
no foco da defesa dos interesses dos sócios, principal público relevante (stakeholder)
a ser contemplado na distribuição de resultados. Ao mesmo tempo, o modelo de
procuradoria não considera os dirigentes executivos como potenciais
inimigos dos sócios, a serem monitorados e, eventualmente, punidos por
incompetência, negligência ou má fé. Ao contrário, eles são percebidos, como
procuradores dos donos do capital, que tendem a operar diligentemente em defesa dos seus interesses.
Mônica Mansur Brandão
Mônica Mansur Brandão