Luigi Zingales, no artigo Corporate
governance (1997),
afirma que, antes de discutir sobre como a firma deve ser governada, é preciso
definir o que é a firma, palavra frequentemente usada por economistas
para se referir à entidade empresarial ou empresa.
O conceito de firma começa a emergir no âmbito da chamada economia neoclássica, pois os economistas clássicos não se ocuparam especificamente do mesmo. E quais são os principais conceitos de firma, segundo a economia? No artigo Governança corporativa: algumas reflexões teóricas sob a perspectiva da economia, as professoras Patrícia Bernardes e Mônica Mansur Brandão identificam a firma, de forma não exaustiva, segundo três visões distintas:
O conceito de firma começa a emergir no âmbito da chamada economia neoclássica, pois os economistas clássicos não se ocuparam especificamente do mesmo. E quais são os principais conceitos de firma, segundo a economia? No artigo Governança corporativa: algumas reflexões teóricas sob a perspectiva da economia, as professoras Patrícia Bernardes e Mônica Mansur Brandão identificam a firma, de forma não exaustiva, segundo três visões distintas:
2 - Visão dos recursos e do conhecimento.
3 - Visão dos custos de transação.
A visão administrativa, que se confunde com a própria
ciência administrativa, resulta dos trabalhos de autores como Frederick
W. Taylor, Henri Fayol,
Max Weber, Herbert Simon, Chester Barnard e muitos outros pensadores que têm
criado e contribuído para sedimentar as múltiplas teorias organizacionais. Nesta
perspectiva, a firma é uma coletividade a ser coordenada, para entregar bens e serviços
à sociedade, recebendo, em contrapartida, retornos econômicos pelo reconhecimento
de seus esforços.
A visão dos recursos e
do conhecimento
referencia-se em autores como Frederich
von Hayek, Joseph A. Schumpeter, Edith Penrose, R. R. Nelson e S. G. Winter
entre outros e é consistente
com a percepção da firma como uma coleção de recursos tangíveis e
intangíveis, potencialmente mobilizáveis em prol do seu desenvolvimento. Os
recursos citados devem ser empregados para construir o futuro. A perspectiva
dos recursos e do conhecimento está relacionada com a estratégia, a ser construída
de dentro para fora.
Quanto à visão dos custos de transação, esta baseia-se no pensamento de
Ronalde Coase, Oliver E. Williamson, Douglass North, J. Rogers Hollingsworth e Robert
Boyer, destaques entre muitos outros autores. Nesta perspectiva, a
firma existe para reduzir custos contratuais, ou seja, de transação, tornando-se
um fulcro de relações contratuais de prazo indefinido, no caso de empregados, e
de curto e longo prazo com outras contrapartes. A firma e as demais
organizações e estruturas de coordenação de atividades econômicas coexistem em
um ambiente perpassado por regras do jogo formais e informais, ao qual
elas reagem e, eventualmente, também influenciam.
Qual
dessas três visões é a correta? Todas, cada uma a seu modo, pois o
conceito de firma, como outros,
constitui um constructo, categoria cuja compreensão exige o
estudo de várias teorias, para que se possa formar uma boa idéia do objeto de
estudo. São constructos também temas como organização, governança corporativa e
estratégia, apenas para citar.
Como estas quatro visões se
relacionam com as teorias da governança corporativa?O artigo Quais são as principais teorias da
governança corporativa? descreve as quatro principais linhas de pensamento
sobre este tema, quais sejam: 1. modelo financeiro (a firma deve atender aos
interesses dos sócios); 2. modelo dos stakeholders (a firma deve equilibrar
interesses de vários públicos relevantes, entre sócios e outros); 3. modelo
administrativo ou de procuradoria (a firma deve ser bem administrada por sua
cúpula); e, 4) modelo político (a firma deve responder ou responde às mudanças
do ambiente institucional).
Quando se consideram as três teorias
da firma e as quatro teorias da governança corporativa citadas, chega-se ao seguinte
quadro de associações entre esses dois arcabouços teóricos:
Note-se que as visões administrativa e dos recursos e do conhecimento estão mais relacionadas, como não poderia deixar de ser, ao modelo administrativo de governança. Quanto à visão dos custos de transação, esta corresponde ao principal embasamento para os modelos financeiro, dos stakeholders e político da governança, no âmbito da ciência econômica.
Enfatiza-se, finalizando, a leitura do artigo Governança
corporativa: algumas reflexões teóricas sob a perspectiva da economia, já citado,
no qual todas as teorias supracitadas são descritas.
Mônica Mansur Brandão