sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Indicação: documentário “A corporação”


O documentário The corporation (A corporação), de 2003, baseado no livro The Corporation: the pathological pursuit of profit and power, de Joel Bakan, versa sobre corporações e sobre como elas são poderosas por todo o Planeta, em seu país de origem e mesmo em outros. Em suas primeiras cenas, o filme aponta como grandes empresas dos EUA, por meio da 14ª Emenda da Constituição estadunidense, criaram a figura da pessoa jurídica, que seria um escudo para que proteger os sócios de empresas das consequências de suas próprias decisões.

Aqui, cabe explicar: o tratamento de The corporation às grandes empresas – as corporações – é substancialmente cáustico. Para Joel Bakan, corporações devem ser responsabilizadas por vários eventos prejudiciais à sociedade e à cidadania: manipulação do ambiente institucional, proteção de sócios e de seus interesses, criação de produtos para lucrar, não para melhorar a vida das pessoas, pagamento de baixos salários aos empregados com o mesmo propósito, agressões diversas ao meio ambiente e muito mais. Bakan está certo, embora a realidade seja mais ampla e complexa.

The corporation apresenta 40 entrevistas com várias pessoas, insiders e outsiders, a exemplo de Sam Gibara (Goodyear), Anita Rodick (Body Shop), o vencedor do Prêmio Nobel de economia Milton Friedman e o respeitado linguista Noam Chomsy entre outros. Focaliza os casos Monsanto, IBM, Shell, Pfizer, Fox Corporation e Disney entre outros, corporações com comportamentos supostamente “anti-sociais” e orientadas para lucrar. No caso específico da IBM, esta teria vendido equipamentos ao regime nazista, na Alemanha, usados em campos de concentração.

Mesmo focalizando exclusivamente o “lado B” das corporações (não se pode esquecer que a várias delas se deve a democratização do acesso a muitos itens outrora reservados às elites econômicas dos vários países), o documentário A corporação é importante por conscientizar os espectadores sobre os abusos que, de fato e infelizmente, ocorreram e ocorrem corriqueiramente pelo Planeta. E por estimular a cobrança dos cidadãos, sem violência, tanto via atitudes de consumo responsável quanto por meio de uma visão humanitária e ética.