O
documentário The corporation (A corporação), de 2003, baseado no livro The Corporation: the pathological pursuit
of profit and power, de Joel Bakan,
versa sobre corporações e sobre como elas são poderosas por todo o Planeta, em seu país de origem e mesmo em outros. Em
suas primeiras cenas, o filme aponta como grandes empresas dos EUA, por meio da
14ª Emenda da Constituição estadunidense, criaram a figura da pessoa jurídica, que seria um escudo
para que proteger os sócios de empresas das consequências de suas próprias decisões.
Aqui,
cabe explicar: o tratamento de The corporation às grandes empresas – as corporações – é substancialmente
cáustico. Para Joel Bakan, corporações devem ser responsabilizadas por vários
eventos prejudiciais à sociedade e à cidadania: manipulação do ambiente institucional,
proteção de sócios e de seus interesses, criação de produtos para lucrar, não
para melhorar a vida das pessoas, pagamento de baixos salários aos empregados
com o mesmo propósito, agressões diversas ao meio ambiente e muito mais. Bakan
está certo, embora a realidade seja mais ampla e complexa.
The corporation apresenta 40
entrevistas com várias pessoas, insiders
e outsiders, a exemplo de Sam Gibara
(Goodyear), Anita Rodick (Body Shop), o vencedor do Prêmio Nobel de economia
Milton Friedman e o respeitado linguista Noam Chomsy entre outros. Focaliza os casos Monsanto,
IBM, Shell, Pfizer, Fox Corporation e Disney entre outros, corporações com comportamentos supostamente “anti-sociais” e orientadas para lucrar. No caso
específico da IBM, esta teria vendido equipamentos ao regime nazista, na
Alemanha, usados em campos de concentração.
Mesmo
focalizando exclusivamente o “lado B” das corporações (não se pode esquecer que
a várias delas se deve a democratização do acesso a muitos itens outrora
reservados às elites econômicas dos vários países), o documentário A corporação é importante por conscientizar
os espectadores sobre os abusos que, de fato e infelizmente, ocorreram e ocorrem
corriqueiramente pelo Planeta. E por estimular a cobrança dos cidadãos, sem
violência, tanto via atitudes de consumo responsável quanto por meio de uma visão
humanitária e ética.