sexta-feira, 30 de março de 2018

Em foco: o que é custo médio ponderado de capital?



No post denominado O que são capital próprio e capital de terceiros? foram introduzidos os conceitos desses dois capitais, aplicados por organizações em seus negócios e projetos. Foi também apresentado um exemplo introdutório sobre o cálculo do custo médio ponderado de capital (weighted average cost of capital ou WACC), aqui reforçado.

O custo médio ponderado de capital é o custo médio resultante do uso de capitais próprio e de terceiros. Sobre ele, pode-se afirmar, reforçando o dito no post supracitado:

1) Trata-se de uma média entre os custos de recursos egressos de duas fontes: terceiros (instituições financeiras e investidores em títulos do mercado de capitais) e sócios (no momento da criação do negócio e ao longo de sua vida). 

2) A média supracitada é ponderada pelas participações (pesos) dos capitais de terceiros e próprios na estrutura de capital do negócio (por vezes, de um projeto específico considerado). Sua equação genérica pode ser expressa da seguinte forma, muito conhecida em finanças corporativas e nos mercados de capitais:

WACC = Kd  x d + Ke x e       sendo

WACC = Weighted Average Cost of Capital ou Custo Médio Ponderado de Capital.
Kd = Custo de capital de terceiros líquido, isto é, sem seu efeito no pagamento de impostos.
d = participação (peso) do capital de terceiros na estrutura de capital.
Ke = custo do capital próprio.
e = participação (peso) do capital próprio na estrutura de capital.

As letras “d” e “e” na expressão do WACC correspondem às primeiras letras das palavras debt (dívida) e equity (patrimônio líquido), do idioma inglês.

3) O custo de capital de próprio é superior ao custo de capital de terceiros, haja vista  que os riscos incorridos pelos sócios são superiores: se a empresa entrar em crise financeira grave e for liquidada, eles serão os últimos a receberem recursos residuais da liquidação.

4) Aumentar a participação de capitais de terceiros pode favorecer a redução do custo médio ponderado de capital, mas essa premissa tem limites. Quando a empresa aumenta o seu endividamento, ela eleva os riscos percebidos pelos agentes dos mercados financeiros e de capitais, elevando o custo de capital próprio e, principalmente, elevando o custo do capital de terceiros (o que é mais grave).

Consideremos o caso seguinte, para uma companhia exemplo:

Kd = 6,0% ao ano brutos, correspondentes a 4,0% ao ano líquidos de tributos sobre a renda (6,0 x (1-34%) = 4,0%). 
d/e = 30% / 70% (estrutura de capital).
Ke = 9,0% ao ano.

O valor de WACC será 70% x 4,0%, + 30% x 9,0% = 5,50 % ao ano.

Se o valor de Kd for reduzido para 3,5% ao ano, o novo valor de WACC será 5,15% ao ano. 

Reduzir o custo de capital, tanto de terceiros quanto próprio, reduzindo consequentemente o custo médio ponderador de capital, é algo a ser buscado pelas empresas. Entretanto, conforme se verá no post Como reduzir o custo médio ponderado de capital?, reduzir o custo de capital de terceiros é algo mais próximo da governança corporativa.