A estrutura de
capital, isto é, as participações (pesos) dos capitais de terceiro e próprios
afetam o custo médio ponderado de capital (WACC), conforme adiantado nos posts O que são capital próprio e capital de terceiros? e O que é custo médio ponderado de capital? Neste post,
ilustra-se como isso ocorre.
Seja
considerada a companhia A do post O que é
o fator “beta”?, para a qual são calculados o custo de capital de terceiros
Kd, o custo de capital próprio Ke e o custo médio ponderado de capital WACC,
para uma estrutura de capital em que o capital de terceiros representa a
metade do capital total:
Se a estrutura de capital variar, tanto o custo de
capital de terceiros Kd quanto o beta variarão, conforme ilustrado na tabela
seguinte:
A tabela anterior é calculada para várias estruturas de
capitais, ou seja, considerando que o capital de terceiros varia de 30% a 90%
do capital total. O que pode ser observado?
Primeiramente, que o custo de capital de terceiros Kd
bruto aumenta quando o endividamento é superior a 75%, o que significa que os
emprestadores estão percebendo um maior risco na companhia.
Em segundo lugar, o beta original de 0,75 teve que
ser recalculado para cada estrutura de capital, considerando as equações
seguintes:
Beta desalavancado = Beta alavancado inicial / [1
+ d/(d+e) inicial x (1 – ir)]
Beta alavancado = Beta desalavancado x [1 +
d/(d+e) x (1 – ir)]
A expressão “beta desalavancado” diz respeito a um
beta sem qualquer efeito de dívidas. Considerando os dados iniciais da
companhia A, o beta desalavancado será:
Beta desalavancado = 0,75 / [1 + 50% x (1 – 34%)] = 0,56
Após a “desalavancagem” do beta inicial, o beta “desalavancado”
de 0,56 é “realavancado”, caso a caso, para refletir as novas estruturas de
capital estudadas. Por exemplo, para os endividamentos de 30% e 90%, os novos
betas serão:
Beta alavancado para endividamento de 30% = 0,56 x [1 + 30%
x (1 – 34%)] = 0,68
Beta alavancado para endividamento de 90% = 0,56 x [1 + 80%
x (1 – 34%)] = 0,90
O gráfico a seguir apresenta a evolução do custo médio
ponderado de capital (WACC) em função da estrutura de capital d/(d+e):
Conforme se verifica, o valor de WACC se reduz com o
aumento do peso ou participação da dívida no capital total, mas até um ponto a
partir do qual o valor WACC passa a crescer. No gráfico acima, a estrutura de
capital que tornaria o WACC mínimo corresponde ao endividamento de 75%. A
estrutura de capital que minimiza o WACC é conhecida como estrutura ótima de capital.
As empresas sempre otimizam suas estruturas de capital,
minimizando o valor do WACC? Não, pois a definição da estrutura de capital leva
em consideração outras variáveis avaliadas pelos sócios e dirigente de empresas,
como o endividamento das firmas do setor em que elas atuam, a regulamentação
existente (por vezes, ela limita o endividamento, como no caso de empresas de
energia elétrica no Brasil) e a percepção de risco financeiro dos próprios dirigentes
entre outras.