Os desdobramentos a partir do crime ambiental ocorrido em Brumadinho - ruptura da barragem da Vale S/A naquele município - seguem. No dia 2 de março, o conselho de administração da Companhia decidiu afastar, em caráter provisório, o presidente Fabio Schvartsman e três diretores, que teriam pedido seu próprio afastamento, após recomendação nesse sentido feita pelos Ministérios Público Federal e Estadual e as Polícias Federal e Civil de Minas Gerais. Interinamente, assumiu a presidência o diretor executivo de metais básicos, Eduardo de Salles Bartolomeo.
A força tarefa que investiga o ocorrido em Brumadinho investiga, segundo o jornal Estado de Minas (EM), se a Vale mudou de auditoria técnica para obter um parecer favorável sobre a estabilidade da estrutura rompida. Os investigadores identificaram que em setembro de 2018, a Companhia trocou a Tractebel/Engie, consultoria franco-belga, pela Tuv Sud, alemã, que garantiu a estabilidade da barragem em junho de 2018 e emitiu novo laudo favorável em setembro do mesmo ano.
No dia 29 de janeiro, os engenheiros Makoto Namba e André Jum Yassuda, da Tuv Sud, foram detidos, em conjunto com três empregados da Vale, Cesar Augusto Paulino Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Artur Gomes Melo. Makoto Namba teria afirmado, em depoimento à força-tarefa que investiga o caso Brumadinho, que se sentiu pressionado pela Vale para atestar a estabilidade da barragem rompida e que assinou o atestado para não perder o contrato. Segundo o EM, a defesa dos funcionários da Vale negou a pressão.
Já no dia 15 de fevereiro, oito empregados adicionais da Vale foram detidos e ouvidos pela força-tarefa. Em seus depoimentos, segundo o EM, eles teriam apontado: executivos da Companhia sabiam da redução do nível de segurança da barragem e, mesmo assim, mantiveram-na operando. As investigações precisam apurar a consistência desses depoimentos.
Paralelamente às investigações, o Ministério Púlbico requisitou judicialmente o descomissionamento de oito barragens da Vale, consideradas inseguras segundo os critérios da Companhia. Até o momento, o saldo deixado pelo crime ambiental ocorrido em Brumadinho é de 186 mortos e 122 desaparecidos, além da contaminação do Rio Paraopeba, cuja água está imprópria para uso, e de outros impactos sobre as vidas das pessoas afetadas pelo ocorrido.
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