Primeiramente, cabe indagar: o que é um modelo? Pode-se dizer que é a representação de uma realidade complexa, visando facilitar sua compreensão. Essa representação pode ser feita de variadas formas: via descrições, diagramas, metáforas, fluxogramas, equações matemáticas e outras. Um modelo pode ser expresso também por uma combinação dessas formas.
E o que é gestão? E a coordenação de um grupo de pessoas – uma coletividade – em prol do alcance de objetivos comuns. Trata-se aqui da gestão de organizações, que são as coletividades das quais se está tratando aqui.
Constituída pelo junção dos dois conceitos acima, a expressão modelo de gestão adquire, na literatura sobre o tema, distintos significados, tornando-se um constructo, isto é, uma categoria que somente pode ser compreendida a partir da análise de várias visões disponíveis na literatura. São também exemplos de constructos os termos estratégia, firma, governança corporativa e outros.
Considerando
que há várias formas de entender o que seja um modelo de gestão, selecionam-se aqui três entre as visões existentes na literatura:
1) Escolas ou Teorias da Organização
Nesta
visão, o modelo de gestão corresponde a uma das escolas de pensamento organizacional ou teorias da organização,
citando-se aqui a seguinte tipificação, não exaustiva: mecanicista
(representada por pensadores como Frederick Winslow Taylor, Henry Ford e Jules Henri
Fayol), humanística (Elton Mayo, Mary Parker Follet, Rensis Likert e
Douglas Mc Gregor) e integrativa ou sistêmica (Talbot Parsons, Keneth
E. Boulding, P. R Lawrence e J. W. Lorsche).
O livro Modelos de gestão, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (vários autores, 2006) é um exemplo de contribuição acadêmica que apresenta elementos dessa visão, enfatizando as dificuldades de construir e implantar modelos de gestão em contextos com pessoas imperfeitas e disputas de poder.
O livro Modelos de gestão, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (vários autores, 2006) é um exemplo de contribuição acadêmica que apresenta elementos dessa visão, enfatizando as dificuldades de construir e implantar modelos de gestão em contextos com pessoas imperfeitas e disputas de poder.
2)
Arquitetura Organizacional
Nesta
segunda visão, o modelo de gestão pode ser considerado como próximo daquele de arquitetura organizacional, egresso da ciência administrativa, mas não igual. Definida por Jay R. Galbraith como o desenho ou
projeto da organização (assim como edificações, aviões, veículos e computadores, organizações também têm seus projetos), tal arquitetura abrange dimensões como estratégia,
estrutura, processos, pessoas e sistema de recompensas. Estes são os cinco vértices citados propostos pelo professor Galbraith.
A arquitetura organizacional tem sido objeto da atenção de autores como Jay Galbraith, Amy Kates, David A. Nadler e Marc S. Gerstein entre outros. O livro Modelo de gestão – uma análise conceitual, de Maria Isabel Pereira e Sílvio Aparecido dos Santos (2001) é um exemplo de produção acadêmica que apresenta elementos da lógica em questão, enfatizando a importância do conhecimento.
A arquitetura organizacional tem sido objeto da atenção de autores como Jay Galbraith, Amy Kates, David A. Nadler e Marc S. Gerstein entre outros. O livro Modelo de gestão – uma análise conceitual, de Maria Isabel Pereira e Sílvio Aparecido dos Santos (2001) é um exemplo de produção acadêmica que apresenta elementos da lógica em questão, enfatizando a importância do conhecimento.
3)
Ferramentas de Gestão
Nessa
terceira visão, o modelo de gestão corresponde a uma das múltiplas ferramentas
disponíveis a quem administra, a exemplo dos modelos das cinco forças
competitivas de Michael E. Porter, dos quatro P’s de Philip Kotler, dos seis
chapéus do pensamento de Edward de Bono e do Balanced Scorecard (BSC), de Robert S. Kaplan e David P. Norton, aplicável
à gestão da estratégia.
As ferramentas
supracitadas e muitas outras têm sido amplamente descritas pelas literatura
acadêmica e de negócios e muito têm ajudado a organizações e os administradores
em seu trabalho.
O
que essas três visões, não exaustivas, apresentam em comum? Essencialmente,
todas estão associadas ao estudo da Administração, de como administrar de uma forma mais eficaz, segundo suas lógicas
respectivas. Algumas empresas, por vezes, dão origem a obras sobre seus "modelos de gestão" e quando se examinam os fundamentos desses modelos, constata-se que eles são egressos das três visões supracitadas.
Na compreensão do pensamento administrativo e de sua evolução ao longo do tempo, a visão das teorias organizacionais é fundamental e não pode faltar na formação técnica de administradores. Já para a construção de organizações e sua operacionalização, a visão da arquitetura organizacional, segunda acima, é a mais pertinente, com forte apoio e suporte das ferramentas citadas no bojo da terceira visão – das ferramentas de gestão.
Na compreensão do pensamento administrativo e de sua evolução ao longo do tempo, a visão das teorias organizacionais é fundamental e não pode faltar na formação técnica de administradores. Já para a construção de organizações e sua operacionalização, a visão da arquitetura organizacional, segunda acima, é a mais pertinente, com forte apoio e suporte das ferramentas citadas no bojo da terceira visão – das ferramentas de gestão.
Adicionalmente, os elementos presentes na visão da arquitetura organizacional podem ser relacionados às teorias da organização. Exemplificando: estrutura e processos têm forte vínculo com a teoria mecanicista. Pessoas e sistema de recompensas, com a teoria humanística. A estratégia, por seu turno, pode ser associada à teoria integrativa ou sistêmica. Ponto de atenção: estas conexões mencionadas não são exclusivas, sendo possível desenvolver, por exemplo, um tema como gestão de pessoas com base na teoria sistêmica.
Maria Aparecida Hess Loures Paranhos e Mônica Mansur Brandão têm desenvolvido, na obra Orquestra Societária - a origem, e em diversos artigos publicados pela Revista RI – Relações com Investidores, uma concepção para modelos de gestão baseada no conceito de arquitetura organizacional, mas não sinônima. As autoras definem o conceito de modelo de gestão sustentável (MGS), que seria o sexto elemento da arquitetura organizacional proposta por Galbraith, operando como coordenador da estratégia, estrutura, processos, pessoas e sistema de recompensas.