Esta é a
indicação de um filme e um livro, ambos sobre o mesmo tema: o caso Tucker. A
primeira indicação é sobre o filme Tucker:The man and his dream (Tucker: um homem e seu sonho), de 1988, produzido
por George Lucas, dirigido por Francis Ford Copolla e estrelado por Jeff
Bridges. O filme é sobre a história de Preston Thomas Tucker, industrial
estadunidense que tenta criar um automóvel inovador, mas cujo sonho é frustrado
pelo jogo duro das principais montadoras do País, apoiadas por autoridades do
mercado financeiro estadunidense.
Já a indicação
de livro aqui apresentada é a obra Preston
Tucker and His Battle to Build the Car of Tomorrow, publicada em 2016 e ainda
não traduzida para o Português, cujos autores são o advogado especializado em
direitos do consumidor e professor Steve Lehto
e o profissional de mídia Jay Leno.
Dividido em 32 capítulos, o livro baseia-se em farta documentação sobre o caso
Tucker. O livro apresenta a trajetória de Tucker, a criação de seu automóvel
dos sonhos, questões técnicas relacionadas a esse projeto, as pressões
sofridas, o processo judicial no qual o empresário terminaria sendo inocentado,
o fim de seus planos empresariais e seu legado para o mundo dos negócios.
Quem foi
Preston Thomas Tucker? Ele existiu, tendo nascido no estado de Michigan, nos
EUA, em 21 de setembro de 1903, e falecido com câncer em 26 de dezembro de 1956.
Tucker começou a trabalhar como office
boy e teve uma vida profissional ligada a mecânica e automóveis. Atuou como
vendedor e dono de concessionária de veículos, tendo criado, em
1940, a Tucker Aviation Corporation, indústria de aviões, tanques e canhões
para forças combatentes na Segunda Guerra Mundial. Terminando a guerra, Preston Tucker se dedicou a
tentar tornar realidade o sonho de produzir um automóvel diferenciado: com
aerodinâmica inovadora, rápido e, principalmente, seguro.
O automóvel
Tucker Torpedo, sonho de Preston Tucker, introduzia vários conceitos hoje largamente
utilizados nos automóveis modernos. A proposta do Tucker Torpedo abrangia aerodinâmica arrojada, cinto de segurança, motor
traseiro, freios a disco, injeção de gasolina e parabrisa com proteção contra colisões
entre outros itens. Nada disse era produzido pelo mercado automobilístico antes
do automóvel sonhado pelo empresário.
Preston
Tucker conseguiu produzir apenas 51 veículos, cuja grande maioria encontra-se
em mãos de colecionadores, com alto valor de mercado. Tanto o filme quanto o
livro citados contemplam, de diferentes formas, pressões que teriam sido sofridas
pelo empresário, o qual teria incomodado grandes produtores de veículos dos EUA,
bem relacionados com integrantes da Securities Exchange Comission (SEC), a entidade
que regulamenta o mercado de capitais daquele País. O empresário também foi
substancialmente criticado via mídia e passou por um rumoroso processo judicial, no qual, conforme dito, foi inocentado. Entretanto, todas essas pressões terminaram por
inviabilizar o seu sonho.
O que o
caso Tucker ensina sobre o sistema econômico capitalista? Provavelmente, que
nem sempre a chamada “destruição criadora”, preconizada pelo ilustre economista austríaco Joseph Schumpeter, um dos mais importantes teóricos do empreendedorismo e da
inovação, conseguirá vencer, especialmente se as chamadas “regras do jogo”,
conceito desenvolvido pelo também ilustre economista estadunidense Douglass C. North (Prêmio
Nobel de Economia, 1993), não permitirem. Especialmente as regras do jogo não
escritas, mais importantes do que aquelas escritas, segundo o professor North.