Há pouco mais de seis meses,
no dia 25 de janeiro, uma sexta-feira, ocorreu o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho
(MG). A gigantesca onda de resíduos minerais da barragem rompida, pertencente à Vale S/A,
deixou 246 mortos e 24 desaparecidos (270 pessoas ao todo), de acordo com a
Defesa Civil de Minas Gerais, devastando terras e contaminando o Rio Paraopeba.
Em âmbito do Poder
Legislativo, o evento culminou na criação de três CPI’s de cunho mais amplo: Senado, Câmara dos
Deputados e Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A CPI do Senado já concluiu
seus trabalhos, sendo que seu relatório final recomenda o indiciamento da Vale
e de 14 pessoas, 12 da Companhia e 2 da consultoria Tuv Sud. Entre os
indiciados da Vale, consta o seu ex-presidente, Fabio Schvartsman.
Quanto ao Poder Judiciário, o principal destaque são dois Termos
de Ajustamento de Conduta (TAC’s) relativos ao crime ambiental ocorrido, em gestação. O
primeiro TAC, relacionado aos impactos socioeconômicos do evento, encontra-se
em fase avançada e o valor envolvido no mesmo está aprovisionado nas
demonstrações financeiras da Vale. Quanto ao segundo TAC, relacionado ao meio
ambiente, precisa ser negociado. O caso Brumadinho tende a seguir a linha
do caso Mariana, no que se refere aos TAC’s; porém, dividindo-se questões
socioeconômicas e ambientais em TAC’s distintos. Acordos da Vale com públicos afetados, fora dos TAC's citados também existirão.
CPI´s da Câmara e da Alemg
Assim como na semana passada, a CPI da Câmara dos Deputados sobre o rompimento
da barragem da Vale S/A em Brumadinho (MG) não teve novas reuniões desde a
última, ocorrida em 11 de julho. Quanto à CPI da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais (Almg), tampouco esta registrou novas reuniões desde a última,
ocorrida em 18 de julho.
Governo de Minas anuncia início de obras que
beneficiarão Brumadinho
O
governador de Minas Gerais, Romeu Zema, anunciou, no dia 25 de julho,
exatamente seis meses após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o
início das obras de ligação por asfalto entre o Parque Inhotim e o
entroncamento da MG-040, contornando o Município. O elo terá extensão de 3,17
quilômetros e as obras ainda abrangerão uma ponte sobre o Rio Paraopeba e uma travessia
sobre a Ferrovia MRS, com extensão superior a 239 metros.
O valor das obras se aproxima de R$ 50 milhões e,
segundo o governador, estas correspondem a uma demanda antiga do município de
Brumadinho, esperando-se que desafoguem o trânsito da área central e atraiam
turistas, favorecendo a instalação de hotéis, restaurantes e o desenvolvimento
de outras atividades econômicas que possam dinamizar a região. As obras serão
pagas com recursos da Vale.
O
anúncio das obras foi feito pelo governador Zema em Brumadinho, onde as forças
de segurança do Estado atuam no planejamento das ações, após o rompimento da
barragem. O governador se solidarizou com as famílias das vítimas e destacou o
empenho do Estado no trabalho de recuperação e desenvolvimento econômico de
Brumadinho e da região. O governador não chegou a visitar famílias de vítimas
da onda de lama produzida pelo rompimento da barragem.
Família de vítimas de Brumadinho cria Instituto
O Instituto Camila e Luiz
Taliberti, dois irmãos mortos no rompimento de barragem de Brumadinho,
foi criado por parentes dessas duas vítimas e tem por objetivo lutar pelas causas
defendidas em vida pelos dois irmãos: defesa de mulheres (Camila) e do meio
ambiente (Luiz).
Camila e Luiz, juntamente
com seu pai e esposa, bem como a esposa de Luiz, que estava grávida de cinco
meses, perderam suas vidas no desastre ambiental. Todos estavam hospedados em
uma pousada que se encontrava no caminho da onda de lama produzida pelo
rompimento da barragem.
Segundo
Helena Taliberti, economista, mãe de Camila e Luiz, cerca de 40 pessoas estarão
envolvidas no Instituto. Em agosto, serão definidos os objetivos prioritários
da nova entidade. Para Helena, o Instituto representa a continuidade do sonho
de seus filhos, que plantaram sementes no coração das pessoas que passaram por
suas vidas, as quais irão florescer.
Seis meses da tragédia são lembrados em Brumadinho
No dia
25 de julho, seis meses após o rompimento da barragem, pequenas jangadas
com flores foram lançadas por habitantes Brumadinho ao rio Paraopeba,
simbolizando as pessoas ainda desaparecidas após o rompimento da barragem do
Córrego do Feijão.
Também
no dia 25, familiares de vítimas da tragédia ambiental fizeram uma caminhada,
repetindo em uníssono: “o lucro não vale a vida”, “Vale assassina” e “Justiça”.
Às 12:20 h, o momento em que a barragem
se rompeu, todos fizeram silêncio. Esse minuto de silêncio também foi repetido,
a pedido das famílias, em todas as minas da Vale.
Sugestão de leitura:
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