Foto: Raquel Freitas, G1 |
Os últimos dias foram
marcada pelo reinício dos trabalhos da CPO da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais, com a chegada do mês de agosto. Também foram anunciados a criação do
programa Superação Brumadinho e novo prejuízo da Vale S/A no fechamento do
terceiro trimestre do ano.
CPI´s da Câmara e da Alemg
A CPI da Câmara dos Deputados sobre o rompimento da barragem da Vale S/A em
Brumadinho (MG) não teve novas reuniões desde a última, ocorrida em 11 de
julho. Nos dias 6 e 8 de agosto, estão previstas reuniões.
Já a CPI da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais (Almg) realizou uma reunião na quinta-feira, 1 de
agosto, e ouviu o técnico em eletrotécnica Moisés Clemente, empregado da
gerência responsável pela manutenção e segurança da barragem rompida, na Vale
S/A. O empregado afirmou – confirmando outros depoimentos ouvidos pela Comissão
– que desde junho de 2018 a Mineradora conhecia os riscos de rompimento, tendo
a Vale determinado intervenções não rotineiras na barragem, para drenar a água e
impedir vazamentos.
Moisés Clemente se lembrou
com emoção de amigos perdidos durante o desastre ambiental, tendo citado o caso
de um colega com dificuldade de locomoção, que morreu no evento. Ele informou
que o colega, antes do ocorrido, se queixara de ter sido realocado para um local
de trabalho mais próximo da área de risco, medida que alterou procedimento
antes adotado pela Companhia, por meio do qual pessoas com deficiência eram
alocadas em salas e áreas menos vulneráveis.
Indagado pela deputada Beatriz
Cerqueira (PT) se a Vale escalou empregados para procurarem corpos de colegas,
se receberam treinamento para tal atividade e se existem colegas em tratamento
de saúde e, concomitantemente trabalhando, Moisés respondeu positivamente às
perguntas inicial e final e informou não ter conhecimento da realização do treinamento
citado.
Para o relator da CPI,
deputado André Quintão (PT), o depoimento do empregado Moisés Clemente confirma
o que já vinha sendo relatado em documentos e por outros depoentes. De acordo
com o relator, em 2018 houve, de fato, grave vazamento de água na barragem e um
mutirão de trabalhadores de diversas áreas da Vale para cuidarem do ocorrido.
CNA lança programa para ajudar produtores rurais de Brumadinho
Não tendo sido atingidos
diretamente pela lama tóxica da barragem de Brumadinho, se que rompeu no dia 25
de janeiro, matando ou fazendo desaparecer 270 pessoas, segundo a Defesa Civil
de Minas Gerais, produtores rurais desse Município ainda sofrem as
consequências do desastre ambiental.
Com a contaminação de terras
e do rio Paraopeba e afluentes, houve uma queda substancial nas vendas dos
produtores, pois muitas pessoas têm medo de comprar e consumir alimentos
contaminados pela lama tóxica da barragem. Alguns produtores, inclusive, pagaram,
de seu próprio bolso, exames de análise da qualidade da água usada para irrigar
sua produção.
Ao mesmo tempo, produtores
têm esperança de que o programa Superação Brumadinho, criado pelo Sistema CNA –
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – os ajude a superar suas
dificuldades. Ao longo de dois anos, eles receberão vários tipos de
assistência, visando ajudá-los a recuperar as vendas e a cuidarem de seus familiares.
Espera-se que o Ministério da Cidadania apoie os esforços a serem realizados.
Vale fecha semestre com prejuízo
A Vale S/A fechou o
primeiro semestre do ano com prejuízo. A Companhia encerrou junho de 2019 com
prejuízo de R$ 384 milhões, número bem inferior aos R$ 6,4 bilhões perdidos no
primeiro trimestre. As perdas incorridas, segundo a Vale, podem ser creditadas
à ruptura da barragem de Brumadinho, ao descomissionamento da barragem de
Germano e à Fundação Ronova, associada à recuperação dos danos produzidos pelo
rompimento da barragem de Mariana.
A Companhia assinou 15
acordos com entidades federais, estaduais e municipais visando estabelecer um
quadro jurídico favorável à reparação do ocorrido em Brumadinho. Os acordos
incluem serviços e doações, a construção de novos sistemas de captação de água
na cidade de Pará de Minas, iniciativas para proteger a flora e a fauna e
auditores externos para revisar estruturas.
A Empresa ainda informou
avanços em acordos preliminares para o pagamento de 104.686 indenizações
emergenciais, 263 acordos trabalhistas para indenizar famílias de trabalhadores
que perderam suas vidas e 18 acordos individuais de indenização. Ela pretende
acelerar a celebração de acordos no terceiro trimestre de 2019.
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