sábado, 7 de setembro de 2019

Indicação: livro “O valor do amanhã”


Escrito pelo professor Eduardo Gianetti, O valor do amanhã é um livro instigante.  Não, este não é um livro sobre finanças, mas deveria ser lido por quem se interessa pelo tema. Por que? Por se tratar de um ensaio sobre a natureza dos juros, que aprofunda aspectos comportamentais e institucionais não tratados pelos livros e cursos de finanças.

O que é juro? É o prêmio recebido por aquele que empresta recursos a outrem e que, pelos riscos associados à espera dos recursos emprestados, faz jus ao mesmo. Quanto àquele que se dispôs a pagar juro por algo, o faz porque este algo é valioso. Se o tomador de empréstimo for uma empresa, por exemplo, poderá adquirir bens e serviços que gerarão, a longo prazo, recursos que mais do que compensarão os juros pagos. Já se estivermos tratando de uma pessoa, além dessa lógica empreendedora citada para empresas, ela poderá adquirir produtos e serviços para ela muito importantes no presente, segundo uma motivação muito forte.

Por trás do mecanismo dos juros, existem aspectos biológicos e comportamentais dos seres humanos que vão muito além dos aspectos financeiros. Eduardo Gianetti trata dos juros de uma forma inusitada, ao redor do embate desfrutar do momento presente versus cuidar do amanhã. O cérebro humano tem a possibilidade de responder tanto sob o prisma da razão, via córtex pré-frontal, quanto por meio da emoção, por meio do sistema límbico. Qual lado pode vencer?

O livro não oferece receitas que possam ser usadas para tomadas de decisões, mas sua leitura tem o mérito de ampliar a consciência dos leitores quanto aos seus mecanismos cerebrais e motivações profundas, o que é um grande mérito. Além disso, discorre sobre questões éticas associadas à prática de juros extremamente elevados, típica do Brasil.

Publicado pela editora Companhia das Letras, o livro O valor do amanhã se compõe de quatro partes e 20 capítulos, assim distribuídos:

- Primeira parte – As raízes biológicas dos juros (capítulos 1 a 5).

- Segunda parte – Imediatismo e paciência no ciclo de vida (6 a 10).

- Terceira parte – Anomalias intertemporais (11 a 15).

- Quarta parte – Juros, poupança e crescimento (16 a 20).

Eduardo Gianetti é mineiro de Belo Horizonte, economista e cientista social pela Universidade de São Paulo (USP) e PhD pela Universidade de Cambridge. Tem atuado como professor em diversos centros de ensino e é autor de vários livros, como Vícios privados, benefícios públicos?, Auto-engano, Felicidade e O mercado das crenças entre outros.