Escrito
pelo professor Eduardo Gianetti, O valor
do amanhã é um livro instigante. Não,
este não é um livro sobre finanças, mas deveria ser lido por quem se interessa
pelo tema. Por que? Por se tratar de um ensaio sobre a natureza dos juros, que
aprofunda aspectos comportamentais e institucionais não tratados pelos livros e cursos de finanças.
O que é
juro? É o prêmio recebido por aquele que empresta recursos a outrem e que, pelos
riscos associados à espera dos recursos emprestados, faz jus ao mesmo. Quanto àquele que se dispôs a
pagar juro por algo, o faz porque este algo é valioso. Se o tomador de empréstimo for uma empresa, por
exemplo, poderá adquirir bens e serviços que gerarão, a longo prazo, recursos
que mais do que compensarão os juros pagos. Já se estivermos tratando de uma
pessoa, além dessa lógica empreendedora citada para empresas, ela poderá adquirir
produtos e serviços para ela muito importantes no presente, segundo uma
motivação muito forte.
Por trás do mecanismo dos juros, existem aspectos biológicos e
comportamentais dos seres humanos que vão muito além dos aspectos financeiros. Eduardo Gianetti
trata dos juros de uma forma inusitada, ao redor do embate desfrutar do momento
presente versus cuidar do amanhã. O
cérebro humano tem a possibilidade de responder tanto sob o prisma da razão, via
córtex pré-frontal, quanto por meio da emoção, por meio do sistema límbico. Qual
lado pode vencer?
O livro
não oferece receitas que possam ser usadas para tomadas de decisões, mas sua leitura
tem o mérito de ampliar a consciência dos leitores quanto aos seus mecanismos
cerebrais e motivações profundas, o que é um grande mérito. Além disso,
discorre sobre questões éticas associadas à prática de juros extremamente
elevados, típica do Brasil.
Publicado
pela editora Companhia das Letras, o livro O
valor do amanhã se compõe de quatro partes e 20 capítulos, assim
distribuídos:
- Primeira
parte – As raízes biológicas dos juros (capítulos 1 a 5).
- Segunda
parte – Imediatismo e paciência no ciclo de vida (6 a 10).
- Terceira
parte – Anomalias intertemporais (11 a 15).
- Quarta
parte – Juros, poupança e crescimento (16 a 20).
Eduardo
Gianetti é mineiro de Belo Horizonte, economista e cientista social pela
Universidade de São Paulo (USP) e PhD pela Universidade de Cambridge. Tem
atuado como professor em diversos centros de ensino e é autor de vários livros,
como Vícios privados, benefícios públicos?,
Auto-engano, Felicidade e O mercado das
crenças entre outros.