Fake news são um risco real para más decisões em várias frentes
A internet e as novas mídias sociais, associadas à globalização, foram concebidas para terem alcance planetário. As mídias sociais têm mostrado elevado potencial de riscos na forma como têm operado e permitido a disseminação de informações falsas à sociedade. Essas fake news podem induzir pessoas à tomada de decisões em bases incorretas e a péssimas escolhas, em várias frentes: política, saúde, educação e muito mais.
Favorecidas em
grande medida pelas novas mídias citadas, ou mais especificamente, pela forma
com estas têm operado, com bom nível de liberdade da atuação de agentes
poluidores da informação, as fake news
podem ser percebidas como uma espécie de coronavírus
informacional. Mesmo imperfeita, essa metáfora procura expressar o alto
nível de malignidade das fake news e
o seu potencial de destruição da racionalidade; por vezes, no âmbito de grandes
nações.
Em âmbito institucional no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) está conduzindo um inquérito visando a investigação de ataques caluniosos à Corte. Em 2019, o ministro Alexandre de Moraes retirou do ar uma reportagem que atacava o presidente da Suprema Corte, Dias, Toffoli no site da revista Crusoé.
No bojo do inquérito, o ministro Moraes deflagrou, em maio de 2020, uma operação contra parlamentares, empresários e ativistas suspeitos de integrar uma sociedade que operaria uma rede de disseminação de notícias falsas e ameaças à Suprema Corte.
No dia 10 de junho, o ministro Edson Fachin, por seu turno, considerou o inquérito legal e impôs regras que delimitam seu alcance. O julgamento do inquérito das fake news será retomado no dia 17 de junho, quando os demais 10 ministros do STF passarão a declarar seus votos.
Um segundo exemplo de âmbito institucional relacionado às notícias falsas é o da criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquéritos (CPMI) das Fake News, implantada pelo Poder Legislativo para apurar possível fraude nas eleições gerais de 2018, ciberbullying e outros crimes. Suspensa por tempo indefinido em função da crise COVID, esta CPMI produziu, até sua suspensão, alguns depoimentos notáveis.
Como tem sido feito o combate a fake news até o momento? Parte tem sido provida pelos criadores das mídias sociais, por meio de medidas como recursos técnicos que ajudam a seleção de postagens, a expulsão de páginas que propagam notícias falsas, a denúncia dessas notícias aos administradores de páginas, a contratação de agências de checagem e outras. Tais exemplos são relacionados especificamente à rede social Facebook.
Ao mesmo tempo, os administradores têm convidado os internautas a colaborar no combate a fake news, por meio de atitudes e ações como desconfiar do que se lê, pesquisar fontes seguras, informar-se, não ler apenas chamadas, mas matérias completas e várias outras.
Entretanto, sem desmerecer os esforços que têm sido feitos, registra-se a percepção de que ainda há um longo caminho a percorrer. As alternativas terão que ser várias, de institucionais a educativas. A nosso ver, os cidadãos brasileiros e de outros países necessitam ser formalmente educados sobre como lidar com a internet, as mídias sociais e as informações que nelas circulam.
Nesse sentido, a Finlândia pode ser uma referência interessante para outros países, pois seus cidadãos são considerados altamente resistentes a acreditar em notícias, conforme expõe o artigo denominado O quea Finlândia pode nos ensinar sobre fake news, publicado pelo jornal Folha de São Paulo (12/2/2020). A educação midiática foi introduzida no currículo das escolas finlandesas desde 2016, o que tem ajudado a criar pensamento crítico sobre informações que circulam em várias plataformas.
Sugestões de leitura:
Entenda o inquérito do Supremo contra fake news e conheça os pontos polêmicos (Folha de São Paulo)
The rise of fake news, manipulation and alternative facts (BBC News Night)
Mônica Mansur Brandão
Em âmbito institucional no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) está conduzindo um inquérito visando a investigação de ataques caluniosos à Corte. Em 2019, o ministro Alexandre de Moraes retirou do ar uma reportagem que atacava o presidente da Suprema Corte, Dias, Toffoli no site da revista Crusoé.
No bojo do inquérito, o ministro Moraes deflagrou, em maio de 2020, uma operação contra parlamentares, empresários e ativistas suspeitos de integrar uma sociedade que operaria uma rede de disseminação de notícias falsas e ameaças à Suprema Corte.
No dia 10 de junho, o ministro Edson Fachin, por seu turno, considerou o inquérito legal e impôs regras que delimitam seu alcance. O julgamento do inquérito das fake news será retomado no dia 17 de junho, quando os demais 10 ministros do STF passarão a declarar seus votos.
Um segundo exemplo de âmbito institucional relacionado às notícias falsas é o da criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquéritos (CPMI) das Fake News, implantada pelo Poder Legislativo para apurar possível fraude nas eleições gerais de 2018, ciberbullying e outros crimes. Suspensa por tempo indefinido em função da crise COVID, esta CPMI produziu, até sua suspensão, alguns depoimentos notáveis.
Como tem sido feito o combate a fake news até o momento? Parte tem sido provida pelos criadores das mídias sociais, por meio de medidas como recursos técnicos que ajudam a seleção de postagens, a expulsão de páginas que propagam notícias falsas, a denúncia dessas notícias aos administradores de páginas, a contratação de agências de checagem e outras. Tais exemplos são relacionados especificamente à rede social Facebook.
Ao mesmo tempo, os administradores têm convidado os internautas a colaborar no combate a fake news, por meio de atitudes e ações como desconfiar do que se lê, pesquisar fontes seguras, informar-se, não ler apenas chamadas, mas matérias completas e várias outras.
Entretanto, sem desmerecer os esforços que têm sido feitos, registra-se a percepção de que ainda há um longo caminho a percorrer. As alternativas terão que ser várias, de institucionais a educativas. A nosso ver, os cidadãos brasileiros e de outros países necessitam ser formalmente educados sobre como lidar com a internet, as mídias sociais e as informações que nelas circulam.
Nesse sentido, a Finlândia pode ser uma referência interessante para outros países, pois seus cidadãos são considerados altamente resistentes a acreditar em notícias, conforme expõe o artigo denominado O quea Finlândia pode nos ensinar sobre fake news, publicado pelo jornal Folha de São Paulo (12/2/2020). A educação midiática foi introduzida no currículo das escolas finlandesas desde 2016, o que tem ajudado a criar pensamento crítico sobre informações que circulam em várias plataformas.
Sugestões de leitura:
Entenda o inquérito do Supremo contra fake news e conheça os pontos polêmicos (Folha de São Paulo)
The rise of fake news, manipulation and alternative facts (BBC News Night)
Mônica Mansur Brandão