Conselheiros de administração e diretores executivos são impactados pelas suas respectivas percepções humanas. É importante haver consciência sobre essas percepções e sobre como elas podem ser afetadas.
Decisões são baseadas em informações recebidas por seres humanos por intermédio de seus cinco sentidos. Os indivíduos recebem, processam e organizam as informações recebidas, chegando a uma visão que, para eles, faz sentido. Tal processo é denominado por Stephen P. Robins, professor da Universidade de San Diego e estudioso de decisões, como percepção.
Conforme explica o professor Nélio Oliveira, no curso sobre negociação por ele ministrado na PUC Minas Virtual, a conclusão a que se chega no bojo do processo supracitado depende de três fatores: 1) o objeto que está sob análise; 2) aquele que avalia; e, 3) o contexto da avaliação.
A figura seguinte ilustra o dito:
Fonte: criado pela autora, para firmar conceitos.
Como explicar esses três fatores acima, considerando o ambiente de governança corporativa e seus integrantes, conselheiros de administração e diretores executivos? A seguir, buscamos explicar, por meio de exemplos hipotéticos, como isso pode acontecer.
Entendendo os fatores que afetam percepções
Imaginemos que um dado projeto de investimento, relacionado à expansão de atividades no exterior, esteja sendo apreciado em nível da diretoria executiva de uma empresa.
O projeto em questão é consistente com o planejamento estratégico empresarial, mas isso não assegura aprovação automática e ele carece de avaliação, estando em sua primeira rodada de discussões.
Para dois diretores distintos, as percepções podem ser as seguintes sobre o projeto em tela, após sua primeira apresentação por seus propositores:
Fonte: criado pela autora.
Note-se, no quadro acima, que:
1) Um mesmo objeto, o projeto considerado, apreciado por dois indivíduos distintos, os Diretores 1 e 2, pode ser avaliado de distintas formas, ora com bom retorno econômico e implementável, ora com bom retorno, mas colidindo com a cultura da organização.
2) O mesmo projeto pode causar distintas impressões, conforme as características do indivíduo – maior ou menor viés econômico ou a riscos – e suas experiências passadas – bem-sucedidas ou nem tanto.
3) O contexto de análise pode ser percebido de formas bem diferentes.
Chama-se a atenção ao ponto de que o projeto do exemplo hipotético apresentado ainda se encontra em sua primeira rodada de discussões, mas os indivíduos já expressam diferentes percepções iniciais em relação à iniciativa (lembrando que todo projeto é uma iniciativa, com começo, meio e fim).
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Sobre o professor Nélio Oliveira:
Nélio Oliveira é graduado e mestre em Administração pela UFMG. Atuou durante anos em organizações públicas, privadas e de economia mista, dos setores primário, secundário e terciário, tendo assumido cargos gerenciais em departamentos de produção, finanças, vendas e recursos humanos. É autor do livro Automated Organizations: Development and Structure of the Modern Business Firm (Editora Springer). Leciona em cursos de Administração da PUC Minas e tem experiência de uma década em cursos EAD.
Sobre o curso citado:
O curso Negociação e Tomada de Decisão, ministrado pelo professor Nélio Oliveira, é oferecido pela PUC Minas, virtualmente, compondo-se de quatro unidades, quais sejam: modelos de tomada de decisão, a prática da tomada de decisão, conflito e negociação e desenvolvimento de competências de negociação.
Mônica Mansur Brandão
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