quinta-feira, 18 de julho de 2024

A imprescindível e estratégica gestão de riscos ambientais


Queremos correr menos riscos ambientais?

O Brasil, com vasta extensão territorial e diversidade de ecossistemas, enfrenta desafios relacionados a desastres ambientais, como inundações, deslizamentos de terra, secas e queimadas. Esses eventos têm ocorrido em seu território continental e, aliás, bem antes de se pensar em mudanças climáticas como tema estratégico para os países e suas organizações.

A mitigação de riscos desses eventos não é apenas uma questão de respeito a direitos humanos e fundamentais ou a direitos ambientais, mas constitui-se, também, em um tema de interesse da Ciência Econômica, influenciando o crescimento do País. Tal crescimento deve ser buscado de forma segura para as pessoas, incluindo aquelas que ainda não nasceram, e o meio ambiente, consistentemente degradado pela humanidade, especialmente a partir da Revolução Industrial.

Impactos econômicos de desastres ambientais

Desastres ambientais podem ter impacto devastador na economia, ao menos em níveis local e regional. Além das perdas imediatas de vidas e bens materiais, podem causar interrupções significativas na produção agrícola, industrial e nos serviços. Mas os efeitos podem ir além do plano regional, alcançando âmbito nacional.

Regiões agrícolas afetadas por inundações ou secas prolongadas podem enfrentar perdas de safras, resultando em aumento dos preços dos alimentos e redução das exportações. Da mesma forma, áreas urbanas sujeitas a deslizamentos e enchentes podem ter sua infraestrutura comprometida, com altos custos de reconstrução e reparos, comprometendo atividades que extrapolam uma região que se considera.

A recuperação após um desastre ambiental é um processo longo, oneroso, sofrido, exigindo gastos de grande monta em assistência às vítimas e reconstrução. Sem gestão eficaz de riscos ambientais, esses custos podem se acumular, drenando recursos públicos e privados que poderiam ser direcionados para o desenvolvimento econômico mais seguro para a vida e o meio ambiente. 

Gestão de riscos ambientais 

A implementação de uma gestão de riscos ambientais eficaz envolve a identificação, avaliação e mitigação dos riscos correspondentes. Isso inclui a criação de sistemas de monitoramento e alerta, o planejamento urbano, a construção de infraestruturas adequadas e a educação das comunidades sobre práticas de prevenção e resposta a desastres, entre outras necessidades.

Investir em gestão de riscos ambientais traz múltiplos benefícios econômicos, quais sejam:

a) Estabilidade econômica - a proteção de setores críticos, como agricultura e infraestrutura urbana, garante a continuidade de atividades econômicas, evitando interrupções que afetam a produtividade e a geração de renda.

b) Redução de perdas e danos - a antecipação e mitigação de riscos reduzem significativamente os danos causados por desastres, diminuindo os custos de recuperação e reconstrução.

c) Atração de investimentos - países, regiões e locais com políticas sólidas de gestão de riscos ambientais se apresentam como mais atraentes para investidores, que buscam segurança e previsibilidade em seus investimentos.

d) Visão de longo prazo - a adoção de boas práticas promove um desenvolvimento econômico que respeita e preserva os recursos naturais, buscando assegurar a prosperidade das gerações presentes e futuras e o respeito ao Planeta.

Sobre o Estado e a sociedade

O Estado brasileiro tem um papel fundamental na gestão de riscos ambientais. É necessário um compromisso contínuo das organizações da Administração Pública com políticas que integrem a prevenção e mitigação de desastres em todos os níveis de planejamento e execução. Isso requer alocação de recursos adequados, programas de treinamento e capacitação e a intercolaboração entre organizações nacionais e internacionais.

A sociedade civil também desempenha um papel vital. Comunidades bem informadas e preparadas são mais capazes de responder eficazmente a desastres. A participação ativa de cidadãos, ONGs e setor privado na criação de uma cultura de prevenção é essencial para o sucesso das estratégias de gestão de riscos ambientais.

A gestão de riscos ambientais é, portanto, uma prioridade estratégica para o Brasil e os demais países, raciocinando de forma mais ampla. Proteger a população e a economia dos impactos adversos de desastres ambientais é essencial na busca da sustentabilidade e do crescimento econômico. Ao investir em práticas de prevenção e mitigação, pode-se reduzir os custos associados a desastres, via modelos de desenvolvimento mais seguros para os cidadãos e o meio ambiente.

Sobre as recentes enchentes do Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul tem enfrentado desafios significativos em desastres naturais, com destaque, neste ano de 2024, para enchentes que provocaram grande destruição de vidas e bens físicos. Cumpre reverenciar aqueles que partiram, desejando ao povo gaúcho os melhores votos de resiliência e superação. 


A proteção federativa ao Estado é, sem dúvida, essencial para a sua recuperação - o Rio Grande é um dos mais importantes entes da Federação Brasileira! Todavia, sem boa gestão de riscos ambientais em níveis regional e local, não se tornará possível proteger a população gaúcha e o meio ambiente dos efeitos adversos de chuvas caudalosas que têm causado grandes enchentes na capital Porto Alegre e em outros municípios. Chuvas que podem voltar. Mudanças climáticas? Conforme dito antes, os problemas são anteriores às discussões sobre este tema.

A gestão eficaz dos riscos ambientais no Rio Grande do Sul é crucial para minimizar os efeitos de eventos climáticos e, sem perder de vista as providências cabíveis em nível da União, tanto o governo estadual quanto os governos municipais precisam empreender esforços integrados nesse sentido. Isso envolve levar a sério os sistemas de monitoramento e alerta, além de planejamento urbano eficaz, cuidados com áreas rurais e educação de comunidades, entre outras necessidades. Investir em gestão de riscos ambientais é imprescindível para o povo gaúcho. E de resto, para os brasileiros dos demais estados da República Federativa do Brasil.


Mônica Mansur Brandão


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