Ser chato pode ser muito importante. Ou mesmo imprescindível. Os mercados de capitais e as empresas que os integram necessitam muito deles, os chatos.
O artigo Viva os chatos!!!, publicado pelo Blog da Governança, discute a importância dos investidores críticos no mercado de capitais brasileiro. O autor Renato Chaves, inspirado por uma boa reflexão do ótimo jornalista Fernando Torres no Valor Investe, destaca como investidores frequentemente chamados de "chatos" desempenham um papel fundamental, ao questionarem práticas empresariais duvidosas e exporem possíveis fraudes. Em um cenário no qual escândalos financeiros por vezes emergem, a atuação desses agentes se mostra essencial para induzir mais transparência e ética nas empresas de capital aberto.
O texto de Chaves ressalta a postura passiva adotada por parte dos grandes investidores institucionais e conselhos de administração que, frequentemente, ignoram ou minimizam sinais de irregularidades. Segundo o autor, enquanto parte do mercado prefere discursos genéricos sobre ESG - Environmental, Social and Governance, sem ações concretas, os chamados "chatos" não hesitam em enfrentar CEOs, gestores e conselheiros para exigir práticas mais responsáveis.
Para Renato Chaves, essa postura ativa e questionadora é o que realmente fortalece a governança corporativa e protege os interesses dos acionistas não controladores, também conhecidos como acionistas minoritários. Além disso, o artigo aponta que a resistência contra esses investidores críticos não vem apenas de dentro das empresas, mas também do próprio mercado.
O autor observa que muitas vezes, a cultura empresarial tende a enxergar com maus olhos aqueles que fazem perguntas difíceis, preferindo um ambiente onde decisões passam sem grandes questionamentos. No entanto, Chaves argumenta que essa mentalidade apenas contribui para a perpetuação de más práticas e enfraquece a confiança no mercado de capitais.
Mesmo diante de derrotas frequentes, os "chatos" continuam sua luta para que empresas sejam mais responsáveis e transparentes. Seu trabalho, ainda que desgastante, contribui para evitar novas crises de governança e prejuízos aos investidores. O autor ressalta que, sem essas figuras incômodas, grandes escândalos financeiros poderiam ocorrer com mais frequência, pois haveria menos fiscalização e cobrança por boas práticas dentro das companhias.
Para quem deseja entender melhor o impacto desses profissionais críticos e sua relevância para um ambiente de negócios mais confiável, a leitura completa do artigo é altamente recomendada. Renato Chaves, usando uma linguagem divertida mas eivada de seriedade, nos convida a refletir sobre o papel que cada investidor e cada profissional do ambiente de governança (especialmente integrantes de conselhos) pode desempenhar no processo de busca de seriedade corporativa e sobre como a governança corporativa depende da coragem de quem questiona, expõe e exige mudanças. Sem os "chatos", como seriam o mercado de capitais e as corporações? Alguma dúvida sobre a resposta?