Matrizes são ferramentas visuais poderosas, usadas para organizar e analisar informações de forma estruturada, quando lidamos com duas dimensões (variáveis) importantes.
Em sua forma mais simples, uma matriz é um gráfico bidimensional, no qual se representam as duas dimensões relevantes de análise. A ferramenta, aplicada à administração de organizações, facilita a tomada de decisões em contextos estratégicos, de gestão do dia a dia, análise de dados e educacional entre outros.
Naturalmente, os leitores já devem ter percebido que a nossa abordagem sobre matrizes no presente artigo não é a da Matemática, mas aquela da Ciência Administrativa.
Dito isso, escolher as dimensões relevantes de uma matriz de dois eixos para fins administrativos depende diretamente do objetivo da análise. Cada eixo deve representar uma dimensão-chave para a análise que se considera.
1. Exemplos de matrizes
a) Matriz de Eisenhower
É uma ferramenta de busca de produtividade e foco em ações de trabalho.
- Dimensões: urgência e importância.
- Eixo horizontal: urgência (baixa / alta).
- Eixo vertical: importância (baixa / alta).
A partir do cruzamento entre urgência e importância, emergem quatro categorias de ação, indicadas na figura seguinte:
b) Matriz de Riscos
É empregada na análise de riscos.
- Dimensões: impacto do risco e sua probabilidade.
- Eixo horizontal: impacto causado (baixo / alto).
- Eixo vertical: probabilidade (baixa / alta).
Do cruzamento entre o impacto e a probabilidade, advêm quatro alternativas qualificadoras dos riscos sob análise:
c) Matriz de Materialidade
É muito útil na análise de temas ESG - Environmental, Social and Governance.
- Dimensões: impacto para o negócio x importância para stakeholders.
- Eixo horizontal: impacto para o negócio (baixo / alto).
- Eixo vertical: importância para stakeholders (baixa / alta).
Cruzando-se o impacto para o negócio e a importância para os stakeholders, obtem-se quatro situações para os temas ESG:
2. Aspectos relevantes sobre matrizes
Sobre matrizes, é importante observar:
a) Primeiramente, a qualidade da matriz está diretamente ligada à escolha das duas dimensões ou variáveis-chave, que devem ser relevantes para a análise pretendida.
b) Em segundo lugar, é importante a objetividade na avaliação dessas variáveis-chave, considerando termos como baixo/alto, é/não é e congêneres. Por vezes, pode-se ter um termo intermediário, a exemplo de antigo/atual/novo. Nos três exemplos anteriores, os termos baixo/alto e baixa/alta foram empregados.
c) Em terceiro lugar, deve-se rotular de maneira eficaz cada quadrante da matriz, a fim de traduzir visualmente os significados das combinações. São exemplos, considerando as matrizes de Eisenhower, de riscos e de materialidade acima e os respectivos quadrantes mais críticos: ações imediatas, riscos intoleráveis, temas ESG estratégicos e com divulgação.
Tomando-se esses cuidados, a matriz deixa de ser apenas um gráfico e se torna uma ferramenta criada para realmente ajudar em decisões relacionadas à estratégia e a outras dimensões da arquitetura organizacional.
Há vários outros exemplos de matrizes usados no campo da governança e gestão de empresas e outras organizações, mas os três aqui apresentados já cumprem o papel de refletir sobre as matrizes e sua utilidade prática.
3. Desenvolvimento do pensamento matricial
O pensamento matricial pode ser desenvolvido e aplicado em inúmeras situações. Deixamos aqui um desafio para os leitores: elaborar uma matriz relacionada à sua residência. Quais seriam as duas variáveis-chave para os eixos horizontal e vertical, bem como os rótulos associados a cada um dos quatro quadrantes?
Mônica Mansur Brandão